Conseguiu dizer isto com força e vontade? Então acostume-se com a ideia: você vai usar o Gentoo.
A primeira parte do processo de instalação do Gentoo é relativamente simples: conhecer os pormenores que acarretam do uso do Gentoo e se conformar (ou alegrar-se) com eles.
Destes então vou explicar as características do Gentoo.
- O Gentoo é uma meta-distribuição. Isso quer dizer que o Gentoo terá características diferentes para cada um que o utilizar, em vista de sua alta capacidade de se modificar às intenções do usuário.
- O Gentoo é uma distribuição rolling release. Isto quer dizer que você não precisa reinstalar o Gentoo a cada nova versão lançada porque bastará atualizar seus pacotes para que você tenha o "novo Gentoo". Felizmente, o processo de atualização do Gentoo quando lançada uma major release (a exemplo: Ubuntu Chimpanzé para Ubuntu Babuíno) é idêntico ao de uma version release (de mozilla-firefox-3.0 para mozilla-firefox 3.1.5, por exemplo), tornando tudo mais simples.
- O Gentoo tem alguns arquivos básicos de configuração que são considerados global sets, interferem no sistema todo. Estes arquivos devem ser configurados com o máximo de cuidado o possível.
- O Gentoo não tem uma comunidade absurdamente ativa como a de outras distribuições como o Ubuntu, mas não é só pelo baixo número de usuários. O perfil de usuário do Gentoo é aquele que já entende um bocado de Unix, Linux e POSIX, sabe se virar e pesquisar no Google e principalmente LE O MANUAL DO APLICATIVO. Por isso não se vê tanto usuário de Gentoo pedindo ajuda.
- Boa parte dos problemas que você terá decorrem das más escolhas que você fez. Portanto, TODOS OS PROBLEMAS são reversíveis, contornáveis ou corrigíveis. Não se desespere, não precisa reiniciar a instalação por causa de uma lib quebrada.
- USEs são mandamentos. Você dita os mandamentos do seu sistema e portanto, qualquer pecado dele é culpa SUA. Preste atenção quando for configurar o Gentoo.
- Após instalado e configurado, os problemas com o Gentoo são aproximadamente NENHUM. Minha avó usa o computador que montei para ela até hoje e está usando Gentoo. Ela adora sites de receitas...
- Não desista. A instalação do Gentoo é demorada, cansativa e EXIGE pesquisa. Se você não tem paciência, pior para você, vai ter de comprar uns livros para ler. A instalação em uma máquina razoável demora de 3 a 4 dias.
- Mantenha sempre um liveCD intacto com a mesma arquitetura do seu Gentoo (por exemplo, x86_64). Sempre que der algum problema no seu Gentoo e você não souber resolver e estiver sem o X, você pode entrar pelo liveCD e corrigir usando chroot.
- Não tenha vergonha de admitir que cometeu um erro para si mesmo. Estes dias eu "gaguejei" no make.conf do meu Gentoo e não conseguia instalar nada. Digitei duas vezes o mesmo repositório (ao invés de rsync.br.gentoo, digitei rsync.rsync.br.gentoo) e um amigo que entende bem menos que eu me corrigiu. Shame on me? Que nada.
Eu recomendo:
- LiveCD do Ubuntu 10.04 da arquitetura necessária (x86 ou amd64).
- Stage3 (será explicado o que é) da sua arquitetura.
- Snapshot do Portage.
- Manual da placa mãe e demais componentes offboard.
- Garrafa de café. Cheia. De café.
- Paciência.
A instalação do Gentoo se baseia na descompactação do stage e do Portage, configuração básica, compilação do kernel e instalação de um gerenciador de boot. Para tanto, é necessário que você já esteja utilizando um ambiente Linux favorável a esta instalação.
Para isso você vai usar o liveCD do Ubuntu. É o suficiente para ter um Firefox funcional para ouvir música enquanto instala e pesquisar no Google.
A instalação do Gentoo é distribuida em stages, que são conjuntos de pacotes pré compilados na arquitetura escolhida para prover um funcionamento inicial do sistema. Recomendo o stage3 (mais completo) porque é o único atualmente suportado pelo Gentoo (oficialmente) e não faz sentido usar o stage1 (menos completo) porque de qualquer maneira você vai ter de recompilar o sistema todo.
O stage3 vem com softwares básicos para o funcionamento inicial do sistema e serão recompilados (recriados) conforme suas escolhas de sistema.
O Portage é o gerenciador de pacotes do Gentoo e sua interface de uso mais comum é o emerge (aka apt-get). Com ele você vai poder gerir seus pacotes de instalação. Ele também vai interpretar suas opções quanto ao sistema e vai preparar os pacotes para aquelas opções.
O snapshot do Portage é um portage já com uma árvore de pacotes inicial para você poder fazer sua primeira atualização, tornando tudo único para seu hardware.
Os manuais da placa-mãe e dos componentes offboad são necessários para a hora da compilação do kernel. Você terá de especificar com exatidão cada pedaço do seu computador para que nada fique desativado por engano e não tenha suporte a coisas que você nunca vai usar, desperdiçando espaço em disco e desempenho do sistema.
Café e paciência... você vai precisar. Acha que eu consegui fazer a instalação do Gentoo em 2 dias como? 48h são o suficiente para instalar o básico. Sem dormir, claro.
O Ubuntu também vai ajudar nesta parte. Com o Ubuntu você poderá ver como o Linux reconhece seu hardware. Há comandos específicos para mostrar quais componentes de hardware foram reconhecidos, que módulos (drivers) eles utilizam, o que não foi reconhecido e até coisas que não estão nos manuais, como por exemplo os chips de monitoramento de tensão e temperatura inclusos na placa mãe e demais componentes.
Recomendo uma leitura superficial do handbook do Gentoo da arquitetura específica que você vai usar, apenas para se situar como é a instalação.
Nos próximos posts, se um amigo meu concordar, utilizarei o micro dele como cobaia para a instalação do Gentoo. Portanto, descreverei todos os passos para a instalação (assim como está no handbook) mas explicando o porquê de cada decisão e qual a decisão adequada para outras arquiteturas/hardwares.
Também explicarei cada parte da compilação do kernel, o que precisa ou não ser habilitado. Demais configurações do Gentoo propriamente também.
Aguardo vocês no próximo post!
Tlaloc.
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